O FUTURO DO MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA EXIGE PONDERAÇÃO E RESPEITO


Com a publicação da saudação do Dr. Luís Raposo aos Amigos do MNA, do artigo do jornal Publico e da notícia da Antena 1, todos abaixo transcritos, chega ao fim a missão deste blogue independente,
feito por alguns amigos do MNA.

A luta travada nos últimos anos em defesa do MNA, impedindo a sua transferência para a Fábrica da Cordoaria Nacional, foi coroada de êxito.

Ao Dr. Luís Raposo desejamos as maiores venturas na continuação da sua carreira profissional.

Se um dia o MNA voltar a estar em perigo, regressaremos,

porque por agora apenas hibernamos.




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lisboa só estará a salvo de cheias em 2021

Para quem ainda tivesse dúvidas, eis aqui a resposta oficial da CML: as partes ribeirinhas de Lisboa só estarão razoavelmente a salvo de inundações em 2021. A Junqueira e mais especificamente o vale do rio Seco, sobre o qual se situa a Cordoaria Nacional, é uma das zonas mais críticas, ao lado da Baixa e do vale de Alcântara.



Lisboa só estará a salvo de cheias em 2021


PUBLICO, 27.12.2010 - 13:58 Por Carlos Filipe

Município admite não ter capacidade para executar o Plano Geral de Drenagem da cidade. Solução passa pela EPAL.
As zonas baixas de Lisboa continuarão à mercê de cheias e inundações, como as que ocorreram no final de Outubro último e em Fevereiro de 2008, em casos de extrema e rápida precipitação, enquanto não estiver executado o Plano de Drenagem da cidade. A autarquia prevê a conclusão em 2021, mas diz não estar em condições de suportar os estimados 160 milhões de euros. A solução passa pela transferência para a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) do serviço e receitas da rede de saneamento, que executará as obras.
O plano de drenagem foi adjudicado ao consórcio Chiron Engidro/Hidra, em Fevereiro de 2006, no mandato de Carmona Rodrigues, mas foi concluído e aprovado em Março de 2008, já com o socialista António Costa à frente da autarquia. Desde então nenhum outro passo foi dado para o melhoramento do arcaico e degradado sistema de colectores municipais de drenagem de águas pluviais.
O grupo municipal do PSD recorda isso mesmo e questiona o actual executivo pelo que tem feito para evitar novas inundações em Lisboa, defendendo que deve ser dada sequência urgente ao Plano de Drenagem. "[No subsolo] não são obras com visibilidade, mas nem por isso deveriam deixar de ser", lê-se na página da Internet deste grupo municipal. Também o PCP diz desconhecer os contornos do negócio com a EPAL, que passa pela venda das infra-estruturas municipais de saneamento à empresa do universo da Águas de Portugal por 100 milhões de euros.
Fernando Nunes da Silva, vereador das Obras Municipais, admitiu ao PÚBLICO que a câmara "não tem actualmente capacidade financeira para desenvolver o Plano de Drenagem". As verbas inscritas nas Grandes Opções do Plano (2011-2014) para a execução daquela empreitada - 6,9 milhões em 2012 e 11,4 e 19,7 milhões, respectivamente, para os dois anos seguintes - "tinham sido decididas antes do princípio de negócio com a EPAL".
"É um trabalho para dez anos, mas, na sequência deste acordo, no princípio do ano, a transferência de toda a rede de colectores domésticos permitirá à EPAL fechar o ciclo da água na rede, garantindo a sua total reciclagem e reaproveitamento. Em contrapartida, aquela empresa receberá as taxas de saneamento", explicou o vereador. A cobrança das referidas taxas, segundo a previsão da receita camarária, ascenderá a 26,265 milhões de euros em 2011.

Apenas paliativos
Poucos dias depois da mais recente inundação, que afectou parte de Lisboa, em particular a Baixa, foram realizados trabalhos no interceptor de esgotos no Terreiro do Paço, que ainda aguarda a ligação à Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcântara. Também a Rua de S. José, das mais afectadas pela inundação de Outubro, tem sido alvo de intervenção camarária, mas para reposição do pavimento danificado. "Assim que deixar de chover vamos reparar o colector que passa sob a rua. Não vai ser preciso voltar a levantá-la, pois a reparação pode ser feita pelo interior do mesmo, que será forrado onde está danificado", precisou Nunes da Silva.
Mas, enquanto a intervenção de fundo não for feita, Lisboa continuará sujeita aos caprichos meteorológicos e a ter que reparar os danos provocados pelo excesso de água. O vereador recorda que devido a roturas do velho sistema de condutas, pisos de ruas houve que abateram, como foram os casos da Angelina Vidal e da Avenida de Berna.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Entrevista da Ministra da Cultura no JORNAL DE LETRAS


Será optimismo nosso ou a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, tem agora do dossiê da pretendida transferência do Museu Nacional de Arqueologia para a Cordoaria Nacional uma perspectiva mais ponderada do que há meses atrás ? O futuro, que se antevê próximo, o dirá.


NOVOS MUSEUS

E os museus?
Abrimos finalmente o Museu de Arte Popular, embora continuem algumas intervenções na fachada. Está em curso todo o trabalho científico de conteúdos do Museu de Arqueologia, tendo em vista a sua transferência para a Cordoaria.

Que tem causado muita polémica.
É verdade. Mas as polémicas fazem parte da atividade governativa. Sempre que há medidas novas, há posicionamentos diferentes. Entendo-o como o pleno exercício da democracia. O MC tem ouvido atentamente todas as exposições sobre os vários assuntos que têm gerado polémica e decidido sempre em conformidade com uma análise muito séria e conscienciosa de todas as opiniões, mesmo as contrárias. Não acredito numa política feita contra as pessoas e as instituições. Mas há que tomar decisões em nome do interesse público. As comissões científicas estão a trabalhar no sentido de analisar as intervenções técnicas necessárias para essa transferência do Museu de Arqueologia, que não ocorrerá antes de 2012.

E o Museu dos Descobrimentos?
Ou das Descobertas. O nome ainda não está fechado. É uma parceria que fazemos com a Marinha, o que alarga o próprio espetro de intervenção e de financiamento. Será uma celebração da grande epopeia dos portugueses no mundo e que foi feita através do mar e da Marinha. Daí que seja uma parceria mais que oportuna. Estão a decorrer os trabalhos de preparação dos conteúdos desse projeto. Também irão decorrer no próximo ano os trabalhos de reconversão do Convento de S. Bento de Castris, em Évora, para acolher o Museu Nacional da Música e, espero-o, o arquivo sonoro. É um projeto que o governo acalenta...

“Jornal de Letras”, 15 a 28 de Dezembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Elísio Summavielle e o síndroma do “vendedor de automóveis” em segunda mão

Decorreu ontem na Assembleia da República uma audição parlamentar à Ministra da Cultura e ao Secretário de Estado da Cultura a propósito da proposta de Orçamento do Estado para 2011.
Por iniciativa dos deputados Teresa Caeiro, do CDS, e João Oliveira, do PCP, o MNA esteve entre os muitos assuntos abordados. Deputados de outros partidos também se referiram ao assunto, embora de forma mais ocasional.
A deputada Teresa Caeiro perguntou como pensava o MC dar cumprimento ao Protocolo firmado no último Verão pela Ministra da Cultura, que prevê a passagem da reserva do MNA, ou seja do grosso das colecções, para a Cordoaria Nacional até 19 de Julho de 2011. Esta pergunta ficou sem resposta. Nem se vê mesmo como poderia ser respondida quando consta da referida proposta de Orçamento de Estado que a verba alocada ao projecto de transferência do MNA é de 25 mil euros, ou seja, um valor que não chegará sequer para pagar os estudos técnicos de especialidade necessários e prévios à tomada de qualquer decisão definitiva.
O deputado João Oliveira referiu as inundações ocorridas na Rua da Junqueira na semana passada e o encerramento da exposição “Viva a República !” por um dia para perguntar como era possível que o MC ainda mantivesse a sua intenção, face a tamanha prova prática do perigo real existente naquele local.
Esta advertência teve resposta por parte de Elísio Summavielle, Secretário de Estado da Cultura, nos termos que lhe são conhecidos, ou seja, os de “vendedor de automóveis” em segunda mão, isto para citar o conhecido e histórico socialista Henrique Neto na sua apreciação da actual governação (“Isto é uma máfia que ganhou experiência na maçonaria”, Jornal de Negócios, 5.11.2010).
O que disse então o SEC ?
Primeiro, fez notar que também na Baixa de Lisboa houve inundações e que nem por isso as pessoas iriam de lá desertar. Pois é, mas é talvez por isso também que na Baixa de Lisboa não existe instalado ao nível do rés-do-chão (nem a outro qualquer, de resto) nenhum Museu Nacional. E que seria civil e criminalmente responsável quem, ignorando pareceres técnicos em sentido contrário, entendesse por opção política colocar um acervo de “tesouros nacionais” em tais localizações.
Mas disse sobretudo o SEC que existe em execução um projecto que irá resolver a questão das inundações na Rua da Junqueira e na Cordoaria. Ora, está muito longe de ser assim. O que está a ser feito pela SIMTEJO, com base em projecto da empresa HIDRA, é a aplicação de um conjunto de medidas paliativas que visam proceder ao desvio para o interceptor Algés-Alcântara do fluxo procedente da bacia do Rio Seco, medidas essas acrescidas da introdução de válvulas de maré, impeditivas da entrada da água do Rio Tejo. Trata-se de um projecto importante e que terá condições de fazer diminuir a frequência das cheias na zona. Mas, como confirmaram os especialistas ouvidos pelo GAMNA e que serão usados em devido tempo, se houver lugar a contencioso judicial, estas medidas estão muitíssimo longe de impedir a ocorrência de cheias em situações torrenciais de pico, conjugadas com débitos igualmente torrenciais no vale de Alcântara e com episódios de maré-cheia. Os próprios autores do projecto em execução pela SIMTEJO afirmam, aliás, que é preciso testá-lo adequadamente, em situação real.
Sobre esta matéria escreveu o Director do MNA em parecer que foi distribuído a seu tempo a todos aos deputados de todos os partidos políticos representados na AR:
“Não é claro que este conjunto de propostas constitua solução para o problema. Em primeiro lugar, os episódios críticos de inundação na zona da Cordoaria Nacional não decorrem tanto da penetração das águas do rio em terra, mas da incapacidade de escoamento das águas fluviais subterrâneas e de escoamento superficial. Uma válvula de marés pouco ou nada adiantaria nestes casos. Quanto ao desvio das águas da bacia do rio Seco (subterrâneas e superficiais) para o colector Algés-Alcântara, importaria saber se o mesmo admitiria tal sobrecarga precisamente nos momentos mais críticos em que tal seria necessário."
Ou seja e em conclusão: o SEC procurou mais uma vez “distrair” os deputados. Pensará ele que está perante potenciais compradores de carros usados, que se fiam na promessa do vendedor em mandar polir os arranhões da pintura, dizendo que tudo o resto está em boas condições ? É que se pensa, seria quase obra de caridade cristã dizer-lhe que já ninguém se deixa assim enganar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vulcão de água na Junqueira. O Rio Seco extravasou e invadiu a Cordoaria. A exposição “Viva a República !” esteve encerrada por um dia

As chuvas dos últimos dias actualizaram aquilo de que neste blogue nos temos feito eco várias vezes, seguindo a advertência dos técnicos. Tratou-se de meras chuvadas intensas, mas de curta duração. E mesmo assim os efeitos foram visíveis. A Rua da Junqueira tornou-se um mar de água; o trânsito foi cortado. O Rio Seco extravasou do seu leito subterrâneo e deu origem a verdadeiros vulcões de água a emergir à superfície. A água entrou na Cordoaria Nacional e a exposição “Viva a República !” teve de fechar por um dia, por medida de precaução. Dizem os conhecedores que se tivesse chovido mais algum tempo sucederia o mesmo que em 1997, quando a água entrou em catadupa na Cordoaria.
É aí que houve quem quisesse instalar o Museu Nacional de Arqueologia ?


Reproduzimos a seguir dois vídeos elucidativos obtidos quanto ainda havia circulação na Rua da Junqueira e retirados do Youtube.

O Rio Seco rebentou !

O Vulcão de água na Junqueira !

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Museus e colecções sem rede

Por que motivo se insiste na decisão política de transferir o Museu Nacional de Arqueologia para a Cordoaria ? Então faz-se tábua rasa do valor patrimonial deste edifício?
A opinião do Doutor Carlos Vargas, Professor da FCSH/UNL e fundador do Observatório Pólítico da mesma Faculdade

Público, 11 de Agosto de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Protocolo: Canavilhas contra recomendação da assembleia

Para que fique registada, transcreve-se a notícia de hoje do Correio da Manhã. Será útil futuramente. Tal como agora o são os recortes que levavam outra ministra a fazer orelhas moucas aos protestos contra a extinção do Museu de Arte Popular e a louvar a criação de um novo Museu da Lúngua...

Ministra ignora conselho

Por: Ana Maria Ribeiro


Apesar da recomendação da Assembleia da República (AR) – que tinha apelado à suspensão da transferência do Museu da Arqueologia para a Cordoaria Nacional –, a ministra da Cultura anunciou ontem que o espólio do museu vai mesmo sair de Belém, onde se encontra actualmente, e onde deverá ser substituído por um novo pólo museológico, dedicado aos Descobrimentos Portugueses.


"As recomendações da AR são sempre muito úteis, mas quem governa é o Governo", disse Gabriela Canavilhas, pouco depois da assinatura do protocolo que permite todas as mudanças e que envolve, além do Ministério da Cultura, os ministérios da Defesa e das Finanças.
As verbas envolvidas são, para já, tabu, mas ficou a saber-se quem vai pagar a transferência e a reestruturação do Museu da Marinha.
"A Cultura paga os custos dos projectos, a Defesa paga a manutenção e actividade dos núcleos museológicos", explicou Santos Silva, ministro da Defesa Nacional.
Para já, foi nomeada uma Comissão, que começa a trabalhar em Setembro próximo e que terá o prazo de 180 dias para elaborar os projectos na sua especificidade. Deverá, inclusivamente, "propor soluções de auto-financiamento" para os ditos museus, adiantou Augusto Santos Silva. Ao que Gabriela Canavilhas acrescentou que "só então serão conhecidas as verbas envolvidas num processo necessariamente demorado". "As obras nunca deverão estar concluídas antes de 2012", afirmou.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Resolução da AR publicada no "Diário de República"

Curiosamente, hoje também, foi publicada a Resolução nº 69/2010, que constitui a chave do futuro:

Museu de Marinha: governo afina pormenores em protocolo adicional

Segundo noticia o Jornal i, com base em resumo fornecido pela agência LUSA, decorreu hoje uma sessão daquelas que os conhecedores da história se habituaram há muito a associar aos sucessivos fins de regime. Um verdadeiro baile de máscaras:

Os “pormenores” da expansão do Museu de Marinha para o atual espaço ocupado pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA), que será transferido para a Cordoaria Nacional, foram firmados hoje num protocolo entre as diferentes tutelas governamentais.
Os ministros da Defesa e da Cultura, respetivamente Augusto Santos Silva e Gabriela Canavilhas, e o secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Costa Pina, pelo ministério das Finanças e da Administração Pública, assinaram no Museu de Marinha, um “protocolo adicional” ao protocolo assinado em maio último.
Questionada pela Lusa sobre o que não tinha sido especificado no anterior protocolo que levou à assinatura do novo documento, a ministra da Cultura afirmou: “Questões de pormenor, e especificar qual seria o destino do lugar que fica vago com a futura saída do MNA”.
O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, adiantou que o novo texto especifica os termos em que o Ministério da Cultura assegura o financiamento dos projetos museográfico e museológico, enquanto ao da Defesa caberá a manutenção e actividade.
No seu discurso, Gabriela Canavilhas anunciou que o projeto para o Museu de Marinha, com um “narrativa certa no lugar certo”, é “criar um espaço museológico vibrante, interativo e renovável”.
A ministra afirmou que o renovado Museu de Marinha “contribuirá para o conhecimento do passado e do presente da nossa identidade coletiva”.
Referindo-se ao novo MNA, cuja abertura “nunca será antes de finais de 2012”, na Cordoaria Nacional, a governante disse que se está “a valorizar a arqueologia nacional”.
Questionada sobre os custos da operação, Gabriela Canavilhas afirmou: “Estão a ser dados todos os passos no sentido da preparação do caderno de encargos e tudo isto é feito com cálculos que são antecipadamente previstos”.
“Números finais só mais tarde os podemos dar”, respondeu, assegurando que “cada passo é metodicamente calculado”.
A renovação do Museu de Marinha insere-se no Plano Estratégico – Museus para o século XXI, apresentado pelo Instituto dos Museus e da Conservação no início do ano.
Referindo-se à zona ribeirinha de Santos até Belém, Canavilhas afirmou que "necessitava de ser repensada e revisitada, numa perspetiva de integração e reordenamento cultural".
Quanto ao renovado Museu de Marinha, a comissão técnico-científica que o protocolo adicional hoje assinado contempla, irá propor “o guião, o programa, os conteúdos e a narrativa, a partir do se passará à fase seguinte de elaboração de projetos específicos” começará a trabalhar em setembro, acrescentou.
A comissão será liderada pelo atual diretor do Museu, comandante Rodrigues Pereira, e terá ainda dois outros elementos da parte cultural das Forças Armadas, enquanto por parte da Cultura farão parte os historiadores Francisco Bettencourt e Mafalda Soares da Cunha.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eixo museológico Ajuda-Belém irá prosseguir apesar de Resolução parlamentar em sentido contrário.

Como sinal do estado de degradação do sistema política a que o País chegou, vale também a pena registar a afirmação explícita e assumida do não cumprimento por parte do Governo de uma Resolução da AR. Tratando-se de matéria não contratualizada eleitoralmente, nem incluída no programa governativo votado na AR, o mínimo que se pode dizer é que o Governo trata desrespeitosamente a AR, com se esta fora mera agremiação recreativa.

Lisboa, 14 jul (Lusa) - A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, afirmou hoje que o plano traçado para o eixo museológico Ajuda-Belém, em Lisboa, irá prosseguir apesar de recomendação parlamentar que apelava à suspensão - Gabriela Canavilhas
Questionada hoje pela oposição durante a audição na comissão parlamentar de ética, sociedade e cultura, Gabriela Canavilhas afirmou que "a decisão do ministério está tomada" e considera que "é a mais indicada para o interesse público".

Museu de Arqueologia vai mudar para a Cordoaria Nacional - garantiu na AR o (ainda) secretário de Estado da Cultura

Reproduzimos, por enquanto sem mais comentários e apenas para que fique registada a data, o dito e seu o autor, a notícia de hoje do DN em linha. Por mais insusbantivo que seja, merece registo para confronto com a situação sobreveniente dentro de um ano...

O Ministério da Cultura (MC) vai assinar na segunda-feira um protocolo com a Marinha para a cedência da Cordoaria Nacional com vista à instalação do Museu de Arqueologia, anunciou hoje a ministra, Gabriela Canavilhas.
A ministra da Cultura falava aos deputados na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, no Parlamento.
Na audição, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, adiantou, por seu turno, que as obras na Cordoaria Nacional começarão em 2011.
Prevê-se que a instalação do Museu de Arqueologia nos espaços da Cordoaria aconteça em 2013, disse o mesmo responsável.
A saída do Museu de Arqueologia do actual espaço onde se encontra - entre o Mosteiro dos Jerónimos e o Museu da Marinha - deve-se à criação de um pólo museológico sobre os Descobrimentos.
Hoje, Elísio Summavielle esclareceu os deputados, referindo que o Museu da Marinha irá expandir-se para o espaço ocupado hoje pelo Museu de Arqueologia onde terá uma componente relativa aos Descobrimentos e a expansão portuguesa.
Será criada uma comissão técnico-científica para fazer o acompanhamento do processo, mas manter-se-á a tutela da Defesa, explicou o secretário de Estado.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"A grande cruzada de Luís Raposo"

Certamente motivado pelas declarações da senhora ministra da Cultura em entrevista ao jornal Público, o jornal SOL resolveu ir à procurar do director de museu que, sózinho com "mais duas ou três pessoas", tem perturbado tanto a governante, a ponto de lhe exigir grandes doses de paciênca.
O resultado é a entrevista que hoje saiu a lume e de que se dá notícia na lista de contactos via Internet MUSEUM, de onde retiramos estas referências:

O caso dos museus do eixo Belém-Ajuda continua a dar que falar. Ontem, no Parlamento, a ministra da Cultura foi novamente confrontada com o assunto, tendo-lhe sido chamada a atenção que só os custos previstos para o novo Museu dos Coches representam 10 vezes mais do que o corte que o MC quer agora fazer aos criadores com quem já tinha contratado apoios.
A ministra respondeu que as verbas do novo Museu dos Coches não pertencem à Cultura. Fraca resposta. Primeiro porque o Governo há-de ser só um e a crise deveria bater a todos por igual. Segundo porque nada obriga a que a verba do Casino seja para ser gasta no novo Museu dos Coches (em nenhum lado está dito isso, no contrato de concessão do Casino). Terceiro porque só para a transferência do MNA para a Cordoaria Nacional, já o MC disse que disporia este ano de verba
idêntica à que quer agora cortar aos criadores. Faz sentido ?
Hoje, o jornal SOL inclui um perfil desenvolvido do director do MNA, sob o título "A grande cruzada de Luís Raposo". Vale a pena ver abaixo.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Criado “grupo técnico” para elaborar o “Programa de Base” do MNA na Cordoaria... silêncios e ambiguidades, implicações éticas e continuidade do processo judicial de acção popular

Por despacho de 24 de Junho passado do director do IMC, Doutor João Brigola, foi constituído um “grupo técnico” que deverá elaborar um “Plano de Base de acordo com todos os requisitos técnicos, patrimoniais e museológicos previstos na legislação nacional e nas cartas e recomendações internacionais”, no prazo de 180 dias. O referido grupo será presidido pelo director do IMC e composto por: Manuel Bairrão Oleiro, museólogo; Rui Parreria, arqueólogo; Henrique Cayatte, designer; Maranha da Neves, engenheiro civil e geotécnico. Diz-se ainda na despacho que o Programa de Base “compreenderá os diferentes levantamentos e estudos pluridisciplinares, nomeadamente, patrimoniais, arquitectónicos e de engenharia, além do programa museológico, para cuja elaboração serão agregados especialistas de cada uma das áreas”.
Nada se diz no despacho quanto à natureza do mandato do “grupo técnico”, ou seja, se possui latitude de manobra para no limite propor a não transferência do MNA para a Cordoaria Nacional, por razões de segurança, de custos, patrimoniais ou outras – o que equivaleria a reconhecer o carácter não definitivo da opção política tomada. Nada se diz também quanto à natureza dos “levantamentos e estudos”, nomeadamente no que se refere à sua cobertura “pluridisciplinar” e à idoneidade institucional das entidades (mais do que dos especialistas) que serão chamados a subscrevê-los.
Não se dizendo nada disto, parece, pelo contrário instalar-se a ideia de que este “grupo técnico” se destina a executar a opção política previamente tomada.
É também digna de registo a posição de alguns dos seus membros, especialmente quando se dispõem a participar num grupo que visa, entre outras coisas, elaborar o “programa museológico”, sem contar com a participação do director do MNA, a não ser, porventura, na qualidade de "especialista agregado". Para além da desconsideração institucional inerente a este procedimento sem paralelo, trata-se de uma situação eticamente muito curiosa, que deve ser registada para memória futura.

O despacho em referência confirma a indicação que nesse sentido tinha sido dada pelo director do IMC a uma delegação do GAMNA, chefiada pela Presidente, Doutora Jeannette Nolen, recebida a seu pedido em meados de Maio, na sequência da carta que lhe fora endereçada e de que demos notícia neste blogue. Foi no entanto pedida resposta por escrito, que não chegou, até ao presente
Em face desta evolução, que se tem de assumir como posição oficial do IMC, e dada também a ausência de resposta escrita às sucessivas tentativas de obtenção de esclarecimentos quanto às intenções do Ministério da Cultura, é de esperar que os promotores da iniciativa de acção judicial popular contra o Ministério da Cultura considerem agora o seu prosseguimento.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A ministra da Cultura e o Museu Nacional de Arqueologia: descaramento ou autismo ?

As referências feitas ao MNA na recente entrevista da senhora ministra da Cultura continuam a suscitar reacções. Das que nos chegaram, reproduzimos de seguida três:


De João Ribaldo, membro do GAMNA, e dirigido ao Director do Público:

A ministra da Cultura e o Museu Nacional de Arqueologia: descaramento ou autismo ?
Sou um dos mais de 800 membros do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia e nesta qualidade tenho acompanhado atentamente o problema da transferência do Museu dos Jerónimos para a Cordoaria Nacional. Causa-me profunda revolta a forma como a ministra da Cultura se referiu ao assunto na entrevista que deu o vosso jornal. Diz que o caso não é polémico, que só mobiliza "o director e duas ou três pessoas mais". Pus-me a pensar quem serão estas pessoas. Talvez as anteriores responsáveis pelos museus nacionais, Raquel Henriques da Silva e Simonetta Luz Afonso; ou o anterior ministro Pedro Roseta; ou a maior especialista portuguesa em museologia arqueológica, Adília Alarcão. Mas só aqui já vão mais do que dois ou três. Pensei depois na longa lista de personalidades que nos últimos dois meses marcaram presença no Museu, declarando a maior parte a sua oposição aos planos do ministério: Carlos Fiolhais, Maria Helena da Rocha Pereira, Paula Teixeira da Cruz e tantos outros. Lembrei-me também das acções de solidariedade que envolveram pessoas como Rão Kyao, Ricardo Araújo Pereira, Tiago Flores, Vítor Norte, grupos de teatro, etc. Recordei ainda uma petição que foi entregue em mão à senhora ministra na Assembleia da República (AR) e que tem mais de 1500 assinaturas. E, por falar em AR, veio-me à memória a recente aprovação por unanimidade de todos os partidos da oposição de uma Resolução em que se critica asperamente o Governo e se recomenda que abandone ou pelo menos suspenda este projecto. A que "duas ou três pessoas" se referia a senhora ministra ? Quando se chega ao ponto de nem sequer ter em conta a AR, tratando-a como se fosse uma agremiação recreativa, está tudo dito e não pode augurar-se muito futuro à governação. Só resta esclarecer se estamos perante um caso de mero descaramento pessoal ou de assumido autismo político.


De Paulo Ferrero, do Fórum Cidadania LX, dando conhecimento de e-mail dirigido à jornalista do PÙBLICO Vanessa Rato:

O mais grave é, contudo, o achincalhamento público que a sra. ministra faz dos milhares de pessoas que estão contra o novo museu dos coches, bem como a passagem do MNA para a Cordoaria, para depois dizer que no caso do MAP, aí sim houve um grande movimento, etc., etc.

Num país como o nosso, com Monumentos Nacionais a cair aos bocados, equipamentos culturais, idem, etc., etc. gastarem-se milhões do erário público (porque as verbas do casino são contrapartidas devidas ao Estado e no momento em que saem do casino são dinheiros públicos!) em construir um novo museu para substituir um velho que é "apenas" o melhor museu que temos, só porque há um favor que se tem de fazer a um arquitecto e a um lobby, é obra e só num país de corrompidos!
Gostava de saber o que pensam desta entrevista, por ex., Pedro Roseta, Simonetta Luz-Afonso e Raquel Henriques da Silva personalidades insuspeitas que, em nome do Grupo de Amigos do MNA lideram a oposição à ida do MNA para a Cordoaria, e que também se pronunciaram publicamente e por diversas vezes contra o novo museu dos coches.
Não a quero maçar mais, mas parecem-me um insulto à inteligência, essas declarações da senhora ministra.



Do blogue MUSING ON CULTURE, de Maria Vlachou:
Sobre a entrevista da Ministra
A entrevista da Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, ao jornal Público (ler aqui), no passado dia 25 de Junho, dá notícia de cortes muito significativos na área da cultura, que irão afectar todos os sectores, alguns de forma preocupante (como é o caso da Direcção-Geral das Artes).
Considero que há vários pontos que mereciam ser melhor explicados. Aliás, as reacções de vários agentes culturais, que obrigaram o Ministério a emitir um comunicado no mesmo dia da publicação da entrevista (ler notícia aqui), indicam que tem, aparentemente, havido pouco diálogo e partilha de informações. Todos se mostram solidários, mas não gostam de ser apanhados de surpresa e sentem que deveriam estar mais envolvidos na procura de soluções. Faz sentido.
Na minha opinião, a Ministra da Cultura tem mostrado ser uma pessoa que sabe o que quer, confiante, corajosa e concentrada. Procurou rapidamente informar-se sobre a situação dos vários sectores da área da cultura e tomou iniciativas que iriam dar início a processos que procuram dar respostas a questões pendentes há muito.
Por isso, fico sempre desiludida quando sinto que a Ministra foge às questões que lhe são colocadas e chega até a dar informações pouco precisas ao público em geral. Utiliza, digamos assim, ‘truques’ de político, mas que não funcionam com as pessoas que têm um conhecimento mais profundo do sector e, repito, mantém desinformado o cidadão comum.
Foram dois os pontos na entrevista do passado dia 25 que me causaram este sentimento, ambos relacionados com os museus. Primeiro, quando questionada sobre o processo polémico da transferência do Museu Nacional de Arqueologia.

Não quero acreditar que a Ministra não tenha conhecimento da discordância de grande parte dos profissionais dos museus, da actividade intensa do Grupo de Amigos do Museu de Arqueologia, da discussão acesa no blogue desse mesmo grupo, da declaração da Assembleia-Geral da Comissão Nacional do ICOM (International Council of Museums) que deu origem a uma petição. Todas essas pessoas não se manifestam simplesmente contra a transferência do museu. Manifestam-se contra a transferência enquanto não houver um estudo que garanta que a Cordoaria tenha as condições necessárias para receber uma colecção de extrema importância nacional.
Mas diria mais. Mesmo que fossem apenas duas ou três as pessoas que se manifestam contra a transferência do museu, mesmo que fosse apenas uma, o Director, o facto de se tratar de profissionais da área deveria ser suficiente para a Ministra prestar mais atenção e não procurar minimizar ou ignorar a validade das suas opiniões e acções. Porque o Luís Raposo é um excelente profissional. Porque é uma pessoa de diálogo, que procura o consenso. E porque não está a fazer uma birra. Está a cumprir as suas funções, procurando garantir, em nome de todos nós, as condições para a salvaguarda da colecção do Museu Nacional de Arqueologia.

http://musingonculture-pt.blogspot.com/

domingo, 27 de junho de 2010

Ricardo Araújo Pereira solidário como MNA

A revista INTELLIGENT LIFE do Verão de 2010 (acabada de por em circulação) dedica o tema de primeira página à escolha que Ricardo Araújo Pereira fez do MNA, como "o seu " Museu. Uma coluna especial dentro do texto intitula-se "RAP solidário com o MNA". Será esta mais uma das "duas ou três pessoas" de que falava a senhora ministra da Cultura em recente entrevista ao jornal Público ?




sexta-feira, 25 de junho de 2010

O autismo de uma ministra da Cultura que já não existe

A entrevista à senhora ministra da Cultura colocada no sítio Internet do jornal Público é mais completa do que a versão em papel.
Transcrevemos agora a parte que diz respeito do MNA:
...
Tendo que fazer sacrifícios, há projectos do MC que se vão deixar cair?
Não. Nenhum projecto será afectado ao ponto de não poder prosseguir. Todos estão encaminhados e as verbas previstas em 2010 não põem em causa a sua realização. Vai haver, sim, uma diminuição da capacidade de actuação das instituições independentes e isso preocupa-me.
Uma das iniciativas que se podia pensar cair: o Museu dos Coches, que, face à situação dos museus existentes, foi dado como um “esbanjamento” quando anunciado pelo seu antecessor, José António Pinto Ribeiro.
Temos dito até à exaustão que o Museu dos Coches não é pago pelo MC e sim pelas contrapartidas do Casino. Temos custo zero relativamente ao Museu dos Coches.
As do Casino, não são verbas que se poderiam ser alocar a outros projectos?
Não. Nem passam pelo MC. São como o [Teatro Nacional de] São Carlos, o Dona Maria, o São João. São verbas que vêm do Ministério das Finanças.
A transferência do Museu Nacional de Arqueologia é outro caso.
Esse faz parte do nosso orçamento. As verbas para os estudos que estão a ser feitos são nossa responsabilidade. E não serão afectadas a ponto de não podermos prosseguir na fase em que estão agora.
Apesar de estar a ser um processo extraordinariamente polémico...
Não acho nada. A visibilidade pública da polémica, se virmos com atenção, tem sido motivada por apenas duas ou três pessoas. Não tem uma dimensão grande. É o movimento restrito de um grupo restrito. O facto de ter muita visibilidade nos jornais não significa que seja emanado de uma força civil com significado.
Raramente na cultura as movimentações vêm de grandes forças civis.
Olhe que não. Veja o caso do Museu de Arte Popular. Foi um movimento, esse sim, com uma força muito interessante. No caso da Arqueologia é o director e duas ou três pessoas mais... Mas estamos em fase muito preliminar, que não implicam verbas grandes, pelo que não será um problema.
...

Mais uma vez perguntamos por quem, como, quando está a fazer estudos sobre a transferência do MNA para a Fábrica da Cordoaria Nacional. Quais os autores ? Qual o âmbito ? Quais os prazos ?
Quanto à afirmação de que a transferência não é polémica e só tem a contestação do "director e duas ou três pessoas mais", nem vale a pena comentar. Para já não falar em mais de 1600 pessoas que subscrevem uma petição contra esse projecto e nas tomadas de posições de associações as mais diversas, devemos concluir que a senhora ministra acha que os deputados de todos os partidos, à excepção do PS, que votaram uma Resolução exprimindo as mesmas ideias devem ser "duas ou três pessoas", amigas do director. E que a Assembleia da República deve ser uma espécie de agremiação recreativa.
Quando aqui se chega, quem se desqualifica é o ministro ou ministra de turno que deixa de merecer qualquer consideração. Pode dizer-se que deixou de existir, que já faz parte do passado. Paz à sua alma.

Entrevista da Ministra da Cultura do jornal Público

Na primeira entrevista desde a promulgação do decreto de execução orçamental, com as medidas de contenção do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, há seis meses no cargo, traça o retrato de um ministério com milhares de trabalhadores independentes, muitos intermitentes, sem apoios sociais. São, precisamente, os que mais vão sofrer com a crise e os cortes previstos, reconhece.

P: Entre os sacrifícios, há projectos do MC que vão cair?
R: Não. Todos estão encaminhados.
P: Um caso como o do Museu Nacional de Arqueologia...
R: As verbas para os estudos que estão a ser feitos não serão afectadas a ponto de não podermos prosseguir.
….
25 de Junho de 2010

Explicações adicionais requerem-se e... serão pedidas.
Que estudos estão a ser feitos ? Por quem ? Com que mandato ? Com que prazos ?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O MNA suscita uma cadeia de solidariedade europeia

Conforme anunciado, o Director do MNA, Dr. Luís Raposo, apresentou no passado dia 10 de Junho o MNA – passado, presente e futuro – à comunidade de investigadores e museólogos das áreas envolvidas, na Universidade de Cambridge.
Reunidos sob a figura tutelar de Lord Colin Renfrew, estiveram presentes algumas dezenas de especialistas e convidados para uma recepção que teve lugar no McDonald Institute for Archaeological Research.
A situação actual do MNA e as perspectivas da sua eventual transferência para outras instalações suscitaram grande interesse e motivaram a delineação de uma rede de contactos, de âmbito europeu, tendo em vista a intervenção organizada em defesa do Museu, se tanto se vier a revelar necessário.
Foi acentuado pelos presentes que grande parte do acervo do MNA, e a sua própria existência enquanto instituição mais do que secular, constituem património europeu a que todos se sentem ligados, com especial relevo para os que realizaram já estadias em Lisboa e sempre tiveram no MNA um sólido porto de abrigo.



quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Director do MNA em Cambridge, no Dia de Portugal

O Director do MNA, Dr. Luís Raposo, apresentará no McDonald Institute for Archaeological Research, da Universidade de Cambridge, uma comunicação initulada Innovation and tradition in the activity of the Portuguese National Museum of Archaeology, Lisbon, Portugal, no Dia de Portugal, 10 de Junho de 2010.
Recordamos que este convite surgiu na sequência da divulgação internacional dos planos de transferência do MNA para a Fábrica da Cordoaria Nacional e do alarme que tal provocou junto dos meios académicos e profissionais da arqueologia e dos museus.
Do programa de contactos do Dr. Luís Raposo fazem também parte deslocações a diversos museus da capital inglesa.
Informação adicional pode ser obtida no sítio Internet do McDonald Institute: http://www.mcdonald.cam.ac.uk/events/

terça-feira, 1 de junho de 2010

PATRIMÓNIO CULTURAL - MEMÓRIA COMUM: O Culto dos Monumentos, uma ética antiga sempre actual


O ciclo de conversas de fim de tarde do GAMNA encerrou hoje com chave de ouro. Maria Helena da Rocha Pereira e José Cardim Ribeiro apresentaram duas exposições de grande erudição, constituindo cada uma à sua maneira elegias do tempo e das memórias que ele nos deixou.
Maria Helena da Rocha Pereira escolheu três monumentos ou conjuntos monumentais dos mais emblemáticos da Antiguidade Grega - Delfos, Olímpia e Parténon – para nos revelar como neles existe uma corrente quase continua de afeição, que vai desde os seus originais autores até à actualidade.
José Cardim Ribeiro situou-se no Renascimento, tendo o agros olissiponense e mais precisamente o município sintrense como centro d e uma Finisterra onde o Sol e o Oceano se fundem, como sugestivamente acaba de ser documento em epígrafe acaba de descobrir no antigo santuário do Sol e da Lua, finalmente localizado. Neste cenário, fez-nos participar numa deambulação por pedras com letras, guiados por Mestre Resende, mas onde não faltavam outros eminentes vultos da época.
Em geral, o que resultou desta demanda, foi a de que as memórias antigas se encontram sempre em reescrita e que esta não constitui reserva de académicos, mas é antes um terreno de afirmação de cívico de cidadania.
Foi, aliás, este impulso que mais uma vez uniu todos os presentes na defesa do MNA, situado nos Jerónimos, como enfatizou Maria Helena da Rocha Pereira, tendo sido muito bem recebida a notícia da aprovação pela Assembleia da República de Resolução que exige ao Governo a suspensão de todos os projectos de mudança, abrindo assim espaço a maior e mais esclarecida reflexão.

Aspectos gerais da sessão, presidida por Maria do Sameiro Barroso, da direcção do GAMNA

Maria Helena da Rocha Pereira no uso da palavra.

José Cardim Ribeiro no uso da Palavra.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Resolução da Assembleia da República recomenda ao Governo suspensão de projectos para museus no eixo Ajuda-Belém

ASSEMBLEIA DA REPUBLICA APROVOU RESOLUÇÃO PARA SUSPENSÃO DO PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DO MNA

A Assembleia da República aprovou na passada 6ª Feira, dia 28 de Maio, com a unanimidade de todos os partidos da oposição (PSD, BE, CDS, PCP, Verdes) o Projecto de Resolução n.º 110/XI, que recomenda ao governo a suspensão imediata de todas as acções relativas à transferência de museus no eixo Ajuda-Belém, pelo menos até à elaboração de um plano estratégico para a reconfiguração do seu conjunto.
Nesta Resolução é referido explicitamente o caso da transferência do MNA, que deve ser suspensa.
Trata-se de uma vitória para o Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia (GAMNA).
Mas é sobretudo uma vitória do funcionamento das instituições democráticas e da própria Democracia, que com esta Resolução se dignifica, ao defender ao mais alto nível e de forma clara a segurança do património nacional colocado em causa com a decisão do Ministério da Cultura de transferir o Museu Nacional de Arqueologia (MNA) dos Jerónimos para o edifício da Cordoaria Nacional.
Resta agora saber o que acontecerá à Torre Oca, entretanto deixada livre pelo MNA.
Na ocasião foi também aprovada outra Resolução (nº 128/XI) versando especificamente a suspensão da construção do novo Museu Nacional dos Coches.
O Projecto de Resolução nº 110/XI pode ser consultado no sítio Internet da Assembleia da República, em:
http://app.parlamento.pt/DARPages/DAR_FS.aspx?Tipo=DAR+II+s%c3%a9rie+A&tp=A&Numero=67&Legislatura=XI&SessaoLegislativa=1&Data=2010-04-17&Paginas=6-7&PagIni=0&PagFim=0&Observacoes=&Suplemento=.&PagActual=0
As Resoluções parlamentares constituem recomendações políticas dadas ao Governo. Embora juridicamente o Governo possa não as adoptar, tal configuraria um desrespeito pouco consentâneo com a natureza do nosso Regime Democrático, tanto mais que estas medidas não constam das promessas do actual do Governo.
O facto de ter havido um tão amplo consenso partidário, reforça em muito, aliás, esta Resolução.
O GAMNA espera que o Ministério da Cultura abandone agora definitivamente a intenção de transferência do MNA e providencie a reintegração da torre oca no mais curto prazo, sem o que se manterão todos os procedimentos de resistência cívica e contestação em curso, inclusive os de natureza judicial.

Gravação da votação da Resolução no plenário da Assembleia da República

Amigos de Arqueologia questionam IMC

Público, 28 de Maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nota de Imprensa do GAMNA, em 25 de Maio de 2010: PEDIDOS ESCLARECIMENTOS AO DIRECTOR DO IMC A PROPÓSITO DAS SUAS DECLARAÇÕES AO JORNAL PÚBLICO

Na sequência das declarações prestadas pelo Prof. Doutor João Brigola, director do Instituto dos Museus e Conservação (IMC), ao jornal Público de 14 de Maio último último, nas quais parecia admitir a possibilidade de o MNA não vir a ser transferido para a Fábrica da Cordoaria Nacional (FCN), em caso de falta de condições de segurança, indo para o efeito ser constituída um grupo de trabalho técnico (ver post abaixo, dessa data, intitulado “Mais uma originalidade portuguesa: decidir primeiro, estudar depois...”), a Presidente do Conselho Director do GAMNA, Doutora Jeannette Nolen, dirigiu àquele responsável uma carta formal na qual requer esclarecimentos adicionais sobre o seu conteúdo.
Em concreto, pergunta-se
1. Por que razão não foram efectuados os estudos técnicos necessários à aferição da segurança geológica-geotécnica do edifício da Fábrica da Cordoaria Nacional (FCN) em momento anterior à “decisão” de transferência do MNA para o mesmo e consequente decisão de desocupação, por este, da Torre Oca?
2. A execução da decisão de transferência do MNA para o edifício da FCN está efectivamente dependente da realização, nomeadamente, de estudos geológico-geotécnicos?
3. Para quando se prevê a constituição do acima referido “grupo de trabalhos”?
4. Caso dos estudos a desenvolver resulte a confirmação da insegurança geolócica-geotécnica do edifício da FCN, que destino será dado ao MNA, tendo naturalmente em consideração a pretensão da Ministra da Cultura relativamente à instalação do – por esta tão almejado – Museu da Viagem (ou dos Descobrimentos)?
4.1. Admite-se a permanência do MNA no Mosteiros dos Jerónimos, onde foi definitivamente instalado em 22 de Abril de 1903?
4.2. E, caso seja positiva a resposta dada à questão colocada no ponto anterior, será restituída a Torre Oca ao MNA?
5. Caso dos estudos a desenvolver resulte a confirmação da segurança geolócica-geotécnica do edifício da FCN, quais os custos inerentes aos trabalhos de engenharia de reforço estrutural do mesmo e de reconfiguração dos sistemas de escoamento de águas envolventes?
6. Tem o Estado Português capacidade económico-financeira para suportar, designadamente, os custos referidos no ponto anterior? Em caso afirmativo, qual a exacta origem e discriminação quantitativa dos fundos a mobilizar?
A Presidente do GAMNA solicitou que as respostas pedidas sejam dada em tempo necessariamente breve, tendo para o efeito sido marcada o prazo de 10 dias. Até lá, foi pelos respectivos promotores dada indicação aos advogados para que suspendam as iniciativas relacionadas com a acção judicial popular intentada com o objectivo da impugnação do Protocolo de permuta de instalações entre o espaço dos Jerónimos e a FCN, visando a suspensão da transferência do MNA e a reversão à situação anterior à alienação extemporânea da torre oca.
Para o GAMNA, esta suspensão não se trata de um recuo na posição assumida até aqui, mas sim da expressão de uma postura construtiva e de expectativa de que o Estado português, através das suas diferentes instâncias, trate com responsabilidade o património nacional conservado no Museu Nacional de Arqueologia. João Brigola, director do IMC, tem agora a oportunidade de esclarecer o GAMNA e tornar clara e idónea a posição do Ministério da Cultura relativamente à decisão de transferir o Museu Nacional de Arqueologia.

terça-feira, 25 de maio de 2010

As narrativas história e mitológica, com a literatura pelo meio

Em mais uma conversa de fim de tarde, confrontaram-se os olhares do arqueólogo classicista com o do escritor romancista na construção de narrativas sobre o passado, especialmente centradas nas figuras dos heróis.
Amílcar Guerra, arqueólogo, enfatizou o cepticismo criativo que o historiador, maxime o arqueólogo, têm perante os relatos sobrevindos do passado. A figura de Viriato, construída séculos depois de ter existido a partir de narrativas como a de Possidónio, ilustra bem essa ambivalência entre realidade histórica e elucubração mítica. Existiu de facto, mas dele provavelmente quase tudo o que se diz de vida estritamente pessoal é construção efabulada. Não será assim com todos os heróis, especialmente os heróis fundadores ?
Mário de Carvalho, escritor, apresentou uma perspectiva mais porventura mais optimista do conceito de verdade histórica, que distinguiu radicalmente do da trama literária. Mas, ainda aqui, exprimiu profunda preocupação pelo empobrecimento crescente que tem existido no contacto dos mais jovens com as grandes narrativas e pelos grandes autores passado, começando pelo desconhecimento próprio veículo privilegiado da sua expressão no âmbito cultural português, a língua latina.

Aspecto geral da sessão, moedarada por Maria do Sameiro Barroso.

Amílcar Guerra no uso da palavra.

Mário de Carvalho no uso da palavra.

domingo, 23 de maio de 2010

O que realmente foi abandonado por causa da crise: o “conceito” de Museu dos Descobrimentos ou a despesa efectiva da transferência do MNA ?

O jornal Expresso de ontem passa em revista, ministério a ministério, os projectos que vão ser abandonados por causa da crise que, no dizer o primeiro-ministro, mudou a Europa em poucos dias. No caso do Ministério da Cultura inclui-se nessa lista o novo Museu dos Descobrimentos ou da Viagem, tão defendido pela ministra, que antes de ser já não era.

Pergunta-se: que efeito poderá ter abandonar aquilo que em declarações sucessivas do secretário de Estado e do director do IMC era apenas “uma ideia”, “um conceito”, sem real substância ? Se se quer efectivamente reduzir despesas, então o projecto a abandonar será o da transferência do MNA para a Fábrica da Cordoaria Nacional, que tem como rampa de lançamento 15 milhões de euros, devendo ser pelo menos o dobro ou até o triplo ou quádruplo, no caso de ser preciso fazer reforços estruturais do edifício e reorganização do sistema de escoamento de águas da zona envolvente.

Ou será que a lista de projectos a abandonar foi preparada pelo Conselho de Secretários de Estado e passa também por aqui a guerra surda a que vimos assistindo no confronto de comunicados e tomadas de posição entre a ministra da cultura e o secretário de Estado da cultura, a propósito dos projectos que cada um deles quer executar com os salvados do MNA, depois de executado o despejo ?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Elegia do conhecimento e denúncia da ignorância atrevida, feitas por Galopim de Carvalho e Carlos Fiolhais


Na conversa de fim de tarde de hoje, os professores doutores António Galopim de Carvalho e Carlos Fiolhais falaram de ciência, de património e de museus de ciência e história natural.
O primeiro referiu-se à sua longa experiência na defesa do património geológico e paleontológico, de criação de geomonumentos e exomuseus. A situação concreta do Museu de História Natural de Lisboa, integrado agora no conceito algo difuso de “Museus da Politécnica” causou alguma apreensão entre os presentes pelo desconhecimento que se tem dos projectos existentes para aquele local. 
O segundo, referiu-se em especial aos museus de Coimbra e ao projecto actualmente em curso de montagem da segunda fase do museu de ciência, reunindo colecções históricas de diferentes museus da Universidade.
Foi mais uma sessão muito animada em que se contrapôs o gosto pela descoberta, pelo conhecimento e as atitudes de modéstia e espírito democrático que deles resultam, com o cultivo da ignorância, atrevida por natureza. Foram referidos diversos casos deste tipo de comportamento, tendo o caso do MNA e da hipotética transferência para a Cordoaria Nacional sido dado como exemplo. Ambos os oradores manifestaram neste contexto a sua solidariedade para com o GAMNA e o MNA.

Carlos Fiolahis no uso da palavra.
Preside à mesa Maria do Sameiro Barroso, da direcção do GAMNA

António Galopim de Carvalho no uso da palavra.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Afinal sempre há outro… e o Museu de Marinha pode ser extinto !

Aos dias ímpares, o Director do IMC e o SEC dizem que não existe nenhum projecto do Ministério da Cultura para fazer um novo museu no espaço do MNA. Aos dias pares, a Ministra ou fontes por ela dizem o contrário. Até o Museu de Marinha não está livre da extinção. Ou seja, mais um museu tratado desrespeitosamente, através de acordos subterrâneos.
No meio de tudo, o que fica é a confirmação de que o verdadeiro móbil da transferência para a Fábrica da Cordoaria Nacional não está no benefício do MNA, mas na libertação dos espaços nos Jerónimos.
Até quando vão os actuais governantes actuando como se fôssemos uma república de bananas ? Até quando vão os cidadãos admitindo serem menorizados ? Até onde vai a degradação do sistema político ?

A transferência do MNA para a Cordoaria em debate na Antena 1

No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus a Antena 1 tomou a iniciativa de promover um debate sobre o tema das transferência do MNA para a Fábrica da Cordoaria Nacional, que teve lugar no próprio Museu durante o programa "Portugal em Directo".
Foram intervenientes o Dr. Luís Raposo, director do MNA, a Profa. Raquel Henriques da Silva, dos corpos gerentes do GAMNA, e o Dr. Cláudío Torres, arqueólogo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Tradição e inovação: um terreno de tensão criativa

Em mais uma conversa de fim de tarde, José Miguel Júdice e Luís Serpa trocaram impressões sobre o tema “Tradição, Inovação e (nova) Economia da Cultura”.  Tratou-se de uma sessão notável em que se contrapuseram dois olhares diferenciado e por isso muito estimulantes do debate.
José Miguel Júdice, jurista eminente e promotor de várias intervenções de valorização e refuncionalização em bens patrimoniais, referiu-se ao que chamou as “quatro placas tectónicas” do património: o respeito pela tradição ou autenticidade, a importância da captação de públicos, a adaptação a novos usos e o processo criativo inerente às transformações consideradas necessárias. Trata-se de dimensões que se encontram em tensão permanente e passam por diferentes estratégias de intervenção: reabilitação, reconstrução, restauro, reabilitação. José Miguel Júdice referiu-see em especial, dando exemplos bons e exemplos maus, ao que considerou serem “traumatismos” e “dissonâncias” com as envolvências dos lugares. No conjunto defendeu uma postura de contenção, de modéstia até, sempre que se trate de valores patrimoniais – o que de modo nenhum é incompatível com a modernidade.
Luís Serpa, curador e gestor de projectos culturais, apresentou perspectiva diversa, que pretendeu constituir uma intencional divergência de pontos de vista. Defendeu sobremaneira o pulsar criativo de todos os intervenientes no processo de fruição patrimonial, com especial relevo para o papel do arquitecto e da arquitectura. A existência de tensões constitui condição do progresso e considerou que se deve caminhar de uma concepção hierárquica, piramidal de intervenção, onde as construções abstractas de política e de gosto (ou de ambos) ditam as normas, para uma nova articulação mais horizontal entre todas as disciplinas, numa óptica vincadamente criativa.
A questão dos museus de Belém foi referida por ambos os intervenientes e por alguns dos presentes durante o debate que se seguiu. José Miguel Júdice teve ocasião de explicar as circunstâncias concretas em que interveio no processo do novo Museu dos Coches – um tema em que as posições divergentes acabaram afinal por conduzir à sua maior aproximação ao mundo dos museus e dos seus profissionais. Quanto à Cordoaria Nacional, foi salientada a sua natureza própria e o provável mau uso patrimonial que constituirá a instalação do MNA no local.

Mesa da sessão, moderada por Pedro Roseta.

José Miguel Júdice no uso da palavra.

Luís Serpa no uso da palavra.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tempo longo, tempo curto… a arte como ferramenta humana de domínio do tempo

Em mais um conversa de fim de tarde, Diogo Pires Aurélio, professor universitário, especialista na área da comunicação e actualmente assessor do Senhor Presidente da República, referiu-se às múltiplas dimensões sociais do tempo longo, com especial relevo para o domínio dos bens materiais, das obras de arte, guardadas em museus. Na sua óptica, a arte constitui a mais universal forma de domínio do tempo e porventura a primeira em que o homem se assume como agente desse acto, retirando-o do domínio até aí exclusivamente reservado aos mitos e às religiões.
José Carlos Vasconcelos, jornalista, jurista, escritor e poeta, director do “Jornal de Letras”, desenvolveu o tema das durações na criação literária. A ideia de que a beleza pode constituir um elo, porventura “o” elo de ligação do efémero ao eterno encontra-se especialmente na poesia: "a beleza do efémero e a efemeridade da beleza", no dizer de Eugénio de Andrade, que foi várias vezes citado.

A sessão foi moderada pela Arqta. Helena Delgado, secretária-geral do GAMNA

Diogo Pires Aurélio no uso da palavra.

José Carlos Vasconcelos no uso da palavra.


domingo, 9 de maio de 2010

Nova atitude, a mesma opinião...

O Diário de Notícias de hoje dá conta da jornada de solidariedade do GAMNA de ontem. Com excepção do título e subtítulo, que são abusivamente simplificadores (título) e até errados (subtítulo), o texto em si espelha bem a situação em que estamos.

A Jornada de Solidariedade - Vigília pela Memória de 8 de Maio de 2010 foi um assinalável êxito… e fará história (6)

Uma poesia de Maria do Sameiro Barroso...

POEMA EM DEFESA DO MNA
(OU, PORQUE A ARTE SE DEFENDE COM ARTE)

O MNA é a casa-pátria, alberga tesouros
infindos, jóias de milenar história.
Muitos séculos antes dos Descobrimentos,
chegava já à grande Roma,
pela chama da cítara e do gládio,
o azul fragrante e leve
do rumoroso sol da sua glória.

Maria do Sameiro Barroso


A Jornada de Solidariedade - Vigília pela Memória de 8 de Maio de 2010 foi um assinalável êxito… e fará história (5)

Um depoimento da jornalista NAIR ALEXANDRA.

PAREDES VAZIAS


Vi hoje e não quis acreditar. A chamada «Torre Oca» do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) está vazia. Paredes nuas, apenas em baixo, painéis pretos, com palavras de ordem a lembrarem a coisa mais lógica e básica de qualquer sociedade civilizada, mas que os responsáveis deste País parecem não entender: o património é um bem de todos, faz parte da memória colectiva de um país. E o MNA não é um sítio qualquer. É uma instituição centenária, fundada por alguém que quis fazer dele uma espécie de «Museu do Homem», alguém como Leite de Vasconcelos, a quem a arqueologia portuguesa tanto deve, a quem a cultura portuguesa tanto deve. O Museu é «só» a «Casa da Arqueologia» em Portugal, com um espólio riquíssimo, que guarda a passagem humana de tantos que viveram no território que é hoje português (e não só) e que continuam a viver em nós através de lucernas, ampolas de vidro, colares, estátuas, mosaicos e outras peças que as mãos desses homens e mulheres produziram. O Museu guarda múmias egípcias, escaravelhos da velha civilização do Nilo, estátuas romanas, peças incontáveis, de um valor dificilmente calculável, adquiridas pelo próprio Leite de Vasconcelos e pelos seus sucessores ao longo da sua história já tão cheia.
E no entanto, quando se resolveu fazer um novo museu de raiz para os coches, ali ao pé, de uma penada decidiu-se que a «arqueologia» - dito assim, de uma maneira vaga – iria ocupar o espaço da Cordoaria Nacional. E por «arqueologia» iria de arrasto o MNA, como se este fosse uma qualquer secção onde se engavetam fragmentos empoeirados de uma escavação arqueológica. E a decisão manteve pé firme, contra relatórios que desaconselham a transferência do Museu para uma unidade fabril setecentista única na Europa, mas entretanto com fragilidades porque sob as suas paredes passa o Tejo, porque os solos ali são particularmente sensíveis a tremores de terra… E muito provavelmente (embora o ministério da Cultura não tenha, até agora, apresentado contas) porque a transferência do MNA para a Cordoaria poderá custar muito mais do que um museu de raiz. E entendamo-nos aqui. Ninguém está «amarrado» à ideia da localização eterna do MNA na área reconstruída do século XIX que ele ocupa. Simplesmente quando se decide transferir um museu é do mais elementar bom senso fazer estudos, contas, cálculos, ouvir pareceres, decidir tomando em atenção as opiniões de quem sabe, perante os dados na mesa.
Mas não. O bom senso não interessa o que quer que seja para aqui. E como a falta dele, e, pelos vistos, a ignorância, costumam andar de mãos dadas com a arrogância, vá de esvaziar um dos espaços expositivos mais importantes do Museu sem demoras. Já e agora, que o ministério da Cultura tem pressa. Sem consideração pela instituição e por quem ali trabalha. E que merecia mais respeito. A própria memória de Leite de Vasconcelos merecia mais respeito.
Eu sabia o que andava a passar-se. Tenho acompanhado o que muito nesta casa se tem feito, às vezes lutando contra ventos e marés, contra as dificuldades que minam a vida dos museus portugueses. Mas quando hoje, dia que o Grupo de Amigos do MNA marcou para uma jornada de defesa do Museu, eu entrei na Torre Oca, não queria acreditar. Durante anos vi ali mosaicos bizantinos, vitrinas exibindo peças maravilhosas, de países diferentes, maquetas de embarcações egípcias, máscaras romanas, marfins delicadamente trabalhados, projecções de filmes como «Ben-Hur», a mostrarem certos olhares contemporâneos sobre o passado.
Hoje as paredes daquela sala estavam nuas. E eu continuo a não querer acreditar. Porque tanta falta de cuidado parece irreal. Parece impossível.
Nair Alexandra

A Jornada de Solidariedade - Vigília pela Memória de 8 de Maio de 2010 foi um assinalável êxito… e fará história (4)

O Actor Victor Norte lê a carta de 1953 do Prof. Doutor João Pereira Dias, Director da Faculdade de Ciências de Coimbra e Presidente da Comissão das Novas Instalações do MNA, dirigida ao Prof. Manuel Heleno.

A Jornada de Solidariedade - Vigília pela Memória de 8 de Maio de 2010 foi um assinalável êxito… e fará história (3)

Tiago Flores (Corvos) e Março Miranda (Double MP).

Coro Sinfónico Lisboa Cantat,
sob a direcção do maestro Jorge Alves.

Teatromosca, Retratinho de Gil Vicente.

A Jornada de Solidariedade - Vigília pela Memória de 8 de Maio de 2010 foi um assinalável êxito… e fará história (2)

Actuação da INOPORTUNA - Tuna Masculina da Faculdade de Letras de Lisboa.


Rão Kyao

Teatro dos Aloés - Os Guardas do Museu de Bagdad.