Luís Raposo fazia parte de um grupo de directores de museus e palácios que aguardavam notícias do IMC quanto à sua permanência, ou não, no cargo, até ao final do ano. Desse grupo faziam parte Silvana Bessone, do Museu Nacional dos Coches, Inês Ferro, do Palácio Nacional de Sintra, e José Carlos Alvarez, do Museu Nacional do Teatro – todos foram reconduzidos. Apenas Dóris Santos, do Museu Dr. Joaquim Manso, da Nazaré, não terá visto renovada a sua comissão de serviço (as comissões são de três anos). Nos museus nacionais, apenas Raposo ficou de fora.
Muito crítico da acção da tutela na área dos museus nos últimos anos, particularmente activo em episódios muito mediáticos como a anunciada transferência do Museu Nacional de Arqueologia para a Cordoaria Nacional, o futuro do Museu de Arte Popular, o novo Museu Nacional dos Coches e a gratuitidade dos museus, Raposo mostrou-se particularmente desconfiado em relação à eficácia da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) que a secretaria de Estado da Cultura anunciou e em cuja lei orgânica está neste momento a trabalhar. A futura DGPC deverá agrupar as áreas do património arquitectónico e arqueológico e a dos museus.
“É sabido que sempre considerei ser director de museu como um lugar de missão, necessariamente a prazo. Por isso tenho para mim que uma coisa é a defesa do museu em que trabalho há mais de três décadas, pelo qual lutei variadas vezes como director que sou há década e meia, a última das quais no final da anterior legislatura, para impedir a sua transferência para a Cordoaria Nacional, um plano do Estado Novo, desenterrado pelo anterior secretário de Estado [Elísio Summavielle]. Outra coisa é a defesa de um lugar, mesmo o meu”, explica. “Na primeira situação justificam-se todos os combates; na segunda, só aqueles que visem defender a transparência dos processos, o bom-nome dos atingidos e sejam ainda compatíveis com o gozo que as coisas nos dão na vida. Ora, eu sou acima de tudo arqueólogo e não considero a direcção de museus como carreira.”
Luís Raposo, Especialista em Pré-História Antiga (Paleolítico), é arqueólogo do MNA há 33 anos.
Contactado pelo PÚBLICO, o director do IMC garante que a não renovação da comissão de Raposo à frente do MNA nada tem a ver com uma má avaliação do seu desempenho. Dóris Santos também não foi afastada por incompetência. “Tenho de avaliar vários parâmetros e alguns têm a ver com eventuais alterações de políticas”, explica Brigola. “A renovação destes cargos é uma situação absolutamente normal. Por mote próprio, os directores deviam colocar o seu lugar à disposição ciclicamente, concorrendo ao cargo em igualdade de circunstâncias com eventuais candidatos, até para se religitimarem.” O director do IMC defende que “as pessoas não se podem eternizar nos lugares” e que “a renovação é fundamental”.
Notícia do Jornal Publico, na edição on-line (12 de Janeiro de 2012)
Sem comentários:
Enviar um comentário