A recente notícia da não recondução do Dr. Luís Raposo como Director do Museu Nacional de Arqueologia, embora não me tenha apanhado de surpresa, não deixa por isso de ser chocante, não pelo facto em si, mas pelas circunstâncias em que ocorreu, pela sua excepcionalidade em relação aos outros directores de museus nacionais, e por se tratar de uma clara perseguição pessoal e política a quem ousa questionar, ainda que pela via hierárquica, decisões políticas tecnicamente erradas e lesivas do bem comum, e manifestar em público as suas opiniões, ainda que na qualidade de cidadão.
Apelo, por isso, a todos os colegas e amigos, que sempre se têm batido em defesa do património cultural, da liberdade de expressão, e da cidadania, a manifestarem, do modo que melhor entenderem, a sua indignação por esta decisão, tomada pelo director de uma instituição moribunda, em nome de uma pretensa nova orientação política, ainda
inexistente, ou pelo menos ainda não submetida ao escrutínio democrático, quem sabe se para garantir a preservação do seu próprio lugar na nova instituição que tutelará o património cultural do país.
Caros colegas e amigos, os tempos que se avizinham são bastante negros. As forças obscuras e misteriosas que nos conduziram à beira do abismo, subvertendo instituições outrora luminosas e libertadoras, são implacáveis e insaciáveis, pelo que a solidariedade entre todos nós, obreiros do património, sem outra obediência que a da nossa consciência cívica, se torna cada vez mais necessária.
José Morais Arnaud
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