Amílcar Guerra, arqueólogo, enfatizou o cepticismo criativo que o historiador, maxime o arqueólogo, têm perante os relatos sobrevindos do passado. A figura de Viriato, construída séculos depois de ter existido a partir de narrativas como a de Possidónio, ilustra bem essa ambivalência entre realidade histórica e elucubração mítica. Existiu de facto, mas dele provavelmente quase tudo o que se diz de vida estritamente pessoal é construção efabulada. Não será assim com todos os heróis, especialmente os heróis fundadores ?
Mário de Carvalho, escritor, apresentou uma perspectiva mais porventura mais optimista do conceito de verdade histórica, que distinguiu radicalmente do da trama literária. Mas, ainda aqui, exprimiu profunda preocupação pelo empobrecimento crescente que tem existido no contacto dos mais jovens com as grandes narrativas e pelos grandes autores passado, começando pelo desconhecimento próprio veículo privilegiado da sua expressão no âmbito cultural português, a língua latina.
Aspecto geral da sessão, moedarada por Maria do Sameiro Barroso.
Amílcar Guerra no uso da palavra.
Mário de Carvalho no uso da palavra.
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