Museu de Arqueologia “não está dignamente instalado”
Rádio Renascença 06-04-2010 21:20
O director do Instituto dos Museus e da Conservação responde às críticas do director do Museu Nacional de Arqueologia.
João Brigola considera que o Museu de Arqueologia está a ser tratado com respeito, mas precisa de mudar de instalações porque tem as “reservas atafulhadas” e não tem as dimensões de um museu nacional.
“Quem fizer uma visita ao Museu Nacional de Arqueologia verificará que, afinal de contas, não é um museu nacional, não tem dimensão para ser um museu nacional, não está dignamente instalado, uma parte substancial das suas colecções não está à vista, as reservas estão atafulhadas de objectos, não tem desafogo, não tem respiração, é um museu que tem sido maltratado e o que a tutela quer fazer é o resgate”, afirma João Brigola.
É desta forma que o responsável mostra o empenho do Ministério da Cultura no museu liderado por Luís Raposo que ontem, à Renascença, dizia que a tutela estava a tratar o Museu de Arqueologia como um “estorvo”.
Em causa está a mudança do Museu Nacional de Arqueologia para o edifício da Cordoaria. Em troca, João Brigola confirma que o Ministério da Cultura abre mão de parte dos Jerónimos e entrega-o ao Ministério da Defesa.
A ministra da Cultura , Gabriela Canavilhas, quer ver nascer os Jerónimos, em conjunto com a Marinha, um Museu da Viagem e da Língua.
Na Cordoaria, se o Museu de Arqueologia mudar para lá, poderá em 2012 receber uma exposição de arqueologia egípcia.
Comentário: No contexto actual, as declarações do Director do IMC não podem deixar de ser consideradas como imateriais ou mesmo cínicas. Que o MNA não possui nas suas instalações actuais condições suficientes para expor devidamente as suas colecções, todos sabemos e tem sido repetido ao longo de anos e décadas. Por isso se projectam desde há meio século instalações novas, de raiz ou a ampliação nos Jerónimos. O problema está em saber se a Fábrica da Cordoaria Nacional reúne as condições para receber o MNA, não em matéria de metros quadrados, mas em matéria de segurança e adequação patrimonial, que são questões prévias e bem mais importantes. O problema é ainda o tratamento desrespeitoso dado ao MNA neste processo de mudança, por se querer que comece já por ser despejado nos Jerónimos quando nada foi ainda feito na Fábrica da Cordoaria Nacional, nem se tem a garantia da viabilidade e dos custos inerentes a todo o processo, que inclui os trabalhos de engenharia geotécnica e só depois a obra arquitectónica.
E já agora outra coisa, senhor Director do IMC: se queria ser respeitoso para o MNA escusava de dizer que ele não é um “Museu Nacional”, porque lhe fica mal tal desrespeito e nem sequer existe quem lhe reconheça essa capacidade avaliadora. Limitado embora pelos espaços, o MNA sempre foi e continua a ser um MUSEU NACIONAL, talvez aquele que possui melhores indicadores de performance no nosso País. Afinal, quem trata e quem não trata o MNA com respeito ?
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